A juventude não é uma entidade material, não se revela nos traços, no viço da pele e na cor dos cabelos, mas na amplitude do olhar que deitamos ao mundo. Aos meus amigos que sofrem por serem velhos demais ou jovens Peter-pans, deixo a mensagem de Hélio Pellegrino a Fernando Sabino. Eis uma das lições que não consegui aprender com meu pai: permanecer sempre jovem, em qualquer circunstância.
"O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo em sua liberrérima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece seu nome."
PELLEGRINO, Hélio.
PELLEGRINO, Hélio.
Então... "jovem" e "feliz" é quem, na metade da vida, "se percebe em plena treva, pobre e nu"?
Se sim, eu não poderia concordar mais.
Se não, não entendi o texto.
A treva, a pobreza e a nudez é para aqueles que sabem ser impossível possuir o outro. E não possuindo, o que resta é a nudez, Raul. :) Não se faça de desentendido. Beijo.
Engraçado esse negócio de geração. Eu percebo muito do Fernando Sabino aí nas palavras do Hélio Pellegrino. É algo daquele sentimento pungente descrito em Encontro Marcado.
Bonito.