Dois Rios: A Intensidade de Tatiana Levy


on

No comments

É curioso como parecem existir livros que chegam em nossa vida no exato instante em que precisamos lê-los. Livros que passam dias, meses, anos no esquecimento da prateleira, sem que nos demos conta de que eles foram escritos, que falam sobre determinado assunto. Passei a última semana lendo, com dificuldade, o último livro de Tatiana Salem Levy, jovem escritora brasileira que vem sendo muito bem recebida pela crítica. Isabelle Menezes, minha colega de trabalho e de leituras, já me havia falado dela, dito que a leitura é intensa. Eu pude experimentar a intensidade na pele. Não porque o estilo seja hermético, longe disso, a leitura é fácil e leve. O que pesa n’alma da gente é a voz do narrador, que ecoa nas certezas mais inconscientes. Em Dois Rios, temos a história dos gêmeos Antônio e Joana, a desintegração familiar provocada pela morte do pai, o transtorno obsessivo-compulsivo da mãe e a decisão de viver do filho. Marie-Ange, como próprio nome diz, é o anjo que vai trazer Joana de volta à vida e Antônio de volta a casa. A grande tristeza da felicidade é que ela não permanece conosco por muito tempo. Boa leitura.

“Lembro-me de uma vez em que havíamos jurado à nossa avó que estaríamos em casa a tempo da janta, pois ela receberia visita e queria a nossa presença. Assim que o sol se pôs, a lua surgiu de forma tão sincronizada que nos foi impossível abandonar a pedra. Víamos a praia, o sol e a lua quase sempre, ano após ano, mas por algum mistério nunca nos cansávamos de vê-los e revê-los. Às vezes a vida é tão, tão bonita que não enjoa.”