Marina Colasanti é uma escritora que participou da minha infância através dos livros paradidáticos. Nascida na Eritreia, filha de pais italianos, mudou-se ainda criança com a família para o Brasil, fugindo do caos da grande guerra. O livro autobiográfico em que a autora nos conta sobre esse período vivido na Itália é magnífico e chama-se Minha Guerra Alheia. Deixo-os com um pequeno conto, uma linda metáfora sobre o ofício de escritor, publicado na coletânea Contos de Amor Rasgados.
As duas obras foram publicadas pela Editora Record. Boa sexta a todos!
No mar sem hipocampos
Por Marina Colasanti
Assim que anoiteceu, saiu para pescar. Peixes não, estrelas.
Afastou da casa, atravessou um campo até o seu limite.
Na linha do horizonte, sentado à beira do céu, abriu a caixa das frases poéticas que havia trazido como iscas. Escolheu a mais sonora, prendeu-a firmemente na rebarba luzidia.
Depois, pondo-se de cabeça para baixo, lançou a linha no imenso azul, deixando desenrolar todo o molinete.
E, paciente, enquanto a Lua avançava sem mover ondas, começou a longa espera de que uma estrela viesse a morder o seu anzol.
'Pescando Estrelas'... adorei!!!
Só podia ser mesmo desta poetisa
da qual sou fã incondicional:
Marina Colasanti! Belíssimo!