Melancolia de Passarinho Pescador


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Nossa crônica da segunda-feira à tarde. Espero que gostem! A linda fotografia é de S. Castor, tirada em Boibepa, Bahia, em 2008.


Melancolia de Passarinho Pescador
Sol das três da tarde em Pontal do Maceió, Fortim. A praia está viva: futebol, pescadores que batem pregos em barquinhos, famílias à procura de moluscos na areia molhada. Um dia calmo como qualquer outra sexta-feira de dezembro numa comunidade de pescadores. Uma criança solta, longe, um grito de contentamento: é um peixe vivo (!) que salta da rede recém-tirada do mar.
O banco de areia parece um peito estufado de ar no meio da água. Atravesso com cuidado o filete de mar – a água é rasa e transparente, mas sempre há o risco de peixes – até chegar à pequena ilha de areia.
Na terra firme, só eu e um passarinho. Miudinho, parado, parece fazer o mesmo que me propus: simplesmente observa o mar. O vento agita suas penas de leve, as perninhas finas lembram as minhas: esboço um sorriso. A água vem chegando devagar, um marulho, e cobre mansamente os pés do passarinho. Não se move. Ele também deve achar bom o toque macio e morno da água do mar às três da tarde.
Talvez em minha outra vida tenha sido um passarinho melancólico como esse, que para no fim de tarde só para contemplar a imensidão de água azul.
Meu peito aspira o ar puro com cheiro de alga, o som metálico de grãos de areia sendo levados pelo vento chega aos ouvidos.
O tempo na praia passa mais devagar...

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  1. Natan