Já me conformei com a ideia de que o escritório/biblioteca levará alguns meses para ficar pronto. Por isso, comecei a abrir as caixas de livros, dando chance para que os pobrezinhos respirem, fiquem acessíveis. Uma das caixas que abri tinha a coleção dos livros de Amós Oz, escritor israelense de maior prestígio no meio literário contemporâneo, autor de preciosidades como Meu Michell e Pantera no Porão. Resolvi trazer para vocês a dica do meu romance preferido do autor: A Caixa Preta.
A história é a trajetória de um casamento mal sucedido, quando Ilana e Alex irão refazer o caminho de sua miséria amorosa. Trata-se de um romance epistolar – formato narrativo baseado em cartas. É impressionante como você consegue descobrir as nuances de cada personagem pelo seu estilo de escrever. A literatura de Amós é ótima para se conhecer um pouco mais a cultura judaica, tão distante do nosso meio cultural. Vale muito a leitura e não tem desculpa: a Cia das Letras publicou uma edição de bolso baratinha!
“Esperei pacientemente quase três meses, até que me aborreci com os olhares de cão faminto mas bem treinado que me lançava. Uma vez segurei a cabeça dele e o beijei numa rua estreita. Começamos a nos beijar de vez em quando, mas ele continuava com medo do meu encontro com a família dele, e da minha reação à sua religiosidade. Eu gostava da timidez dele. Tentei não apressá-lo. Depois de muitos meses, quando o frio do inverno transformou os nossos passeios num martírio, levei-o ao meu quarto, tirei suas roupas como se fosse uma criança e fechei seus braços ao meu redor.” (OZ, Amós. A Caixa Preta. São Paulo, 2007, Cia das Letras, pg. 91)
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