Imagine que você tirou o domingo para descansar: assistiu aos jogos do campeonato inglês, atualizou o Facebook, preparou um post para o blog, navegou na internet, almoçou com amigos, visitou seus pais, penteou o pelo do gato, enfim, domingou. Ao final do dia, você se sente exausto, implora pela chegada da segunda-feira com sua rotina previsível, os intervalos do dia já conhecidos, a tranquilidade da repetição. Por que nos sentimos, afinal, tão cansados, tão esgotados e sem energia mesmo nos dias em que não precisamos fazer nada?
Há tempos que venho refletindo sobre essa sensação geral de fadiga que me persegue. E não se diga que é falta de atividade física, porque Plauto Holanda está aí para me fazer correr, pular, levantar pesos, pensar sobre a imponderabilidade de uma máquina de musculação. Estamos invariavelmente cansados não por questões físicas ou alimentares, mas mentais. Isso porque a vida, hoje, nos exige uma atenção dispersa, multifacetada: estamos incessantemente sendo exigidos em nossa capacidade de filtrar informações, produzir conteúdo, administrar a vida, quando a vida nos exige um passo de cada vez, uma atividade a seu tempo. Não conseguimos deixar o aparelho de lado se ouvimos o som da notificação, é mais forte do que nós saber o que publicaram. Pela manhã, cedinho, estava conversando com o professor Tiago sobre uma experiência interessante: um renomado pesquisador de design gráfico foi convidado para proferir uma palestra e bateu uma foto de seu auditório – a grande maioria dos ouvintes (?) estava com a atenção voltada aos iPads, iPhones e afins. Para onde está, afinal, voltada a nossa energia?
Façam um exercício de recolhimento e me digam o efeito disso sobre a semana de vocês: trinta minutos diários de nada, de silêncio, de solidão, de vazio. Só para respirar fundo e estar consigo – sem as incontáveis vozes que os computadores e celulares nos impõem. Enfim, um pouco de paz. Paz para ler, paz para aproveitar o som da literatura. E se vocês não têm trinta minutos no dia para dedicar a uma atenção integral a si, então estamos, sim, gravemente doentes. Boa segunda para vocês!
"Falou pouco mas falou bonito!"
Bela reflexão, profª!
Estou vendo que essa fadiga mental presente até nos dias de descanso é um problema generalizado... O mundo virtual está nos consumindo...
A vida da gente é tão breve e muitas vezes esquecemos de vivê-la com a intensidade que ela merece. Desperdiçamos nosso precioso tempo com bobagens na internet...
Estou realmente precisando destes momentos de silêncio!
Boa segunda profª!
Priscila, é preciso guardar nossa energia mental para as coisas boas, do contrário, adoecemos da cabeça e do corpo.