Carlitos na Modernidade


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Ontem precisei ir a um cartório autenticar documentos, o que me parece a tarefa mais absurdamente kafkiana que pode haver. Entre carimbos e filas de espera, uma grande tela de LCD exibia o filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Assisti durante alguns minutos à saga do pobre personagem na linha de montagem da fábrica, ora apertando, ora afrouxando, incessantemente, num trabalho sem qualquer sentido em si mesmo. Neste filme, é possível perceber os efeitos da Revolução Industrial sobre a saúde física e mental dos operários e sobre o quanto a nossa vida de trabalhadores pode ser massacrante. Pensei na ironia que foi o cartório ter decidido exibir aquele filme, numa parede atrás de sua fila de funcionários-carimbadores, trabalhando, todos, para um propósito absolutamente inexistente. Enfim, por mais clichê que seja, é a vida imitando a arte.


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