Feliz dia do beijo!
“Tudo aconteceu, concluiu ela depois, porque era uma executiva dedicada, que não hesitava em ficar até altas horas da noite no escritório. Não era a única, naturalmente. Muitos faziam o mesmo, e isso também foi importante no incidente que viria a mudar sua vida.
Era muito tarde quando ela, finalmente, encerrou o trabalho. Com um suspiro, desligou o computador, arrumou-se um pouco, apagou as luzes, saiu e dirigiu-se devagar para o elevador. Não tinha motivos para pressa. Recém-descasada, ninguém esperava por ela no apartamento.
[...]
E foi nesse silêncio, nessa escuridão, que alguém a beijou. Foi surpreendente; tão surpreendente que ela não reagiu. Mas não só por causa da supresa. Por causa do beijo, também: um beijo tão ardente, tão apaixonado, que ela chegou a estremecer. Jamais alguém a beijara assim, jamais. Arrebatada, ela não teve, contudo, tempo de fazer nada, nem de esboçar um gesto sequer: no mesmo instante a porta se abriu e o vigia do prédio, com uma lanterna portátil, levou-os até as escadas” (SCLIAR, Moacyr. O Beijo no Escuro, in: O Imaginário Cotidiano. São Paulo: Global, 2002, pg. 49).
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