Acordamos. Respiramos. Constatamos que o céu continua da mesma cor, que os carros permanecem na corrida diária rumo a lugar nenhum, que o porteiro chegou às seis da manhã e agora boceja na guarita abafada. O café com gosto de pasta de dente, o relógio avisa que o tempo, inexoravelmente, está passando. Passa. Passa. Passa. Passa. O tic tac permanente, que tem permanecido desde o começo dos tempos, eu suspeito.
Um espírito completamente imprestável para a burocracia do cotidiano adormece em casa enquanto o corpo – braços, olhos, cabelos, boca – sai para o trabalho. O trabalho com suas vozes, demandas, conflitos, repousos. Até que acabe tudo, o mundo se recolha à melancolia da noite alta, e o espírito, domesticado pelo dia no silêncio da casa vazia, reencontre corpo cansado, que, enfim, volta.
Henri-Cartier Bresson
Juliana, para você, um pouquinho da ternura de Manoel de Barros: http://youtu.be/o-CZ2mvASAo
Ele que diz ter comprado o ócio e ser um "vagabundo profissional". tenho uma certa inveja do ofício dele. :) um abraço,
Melhor "post" até agora, disparado. Minha opinião, claro.
Raul, c'est gentil. :*
Mariana, temos as duas inveja dele! Também gostaria de ser uma "vagabunda profissional" à la Manoel de Barros.
Quanta sensibilidade... Tentei expressar o que desejava à senhora e encontrei uma música que diz por mim, sem falar nada.
Espero que goste.
Bom dia. :)
http://www.youtube.com/watch?v=iXUdvCg32UI&feature=related
Já nos abandonou?
Não abandonei, querido(a)! Mas eu sou apenas uma para tão poucas horas! :(
Lívia, sempre doce, obrigada pela lembrança.