Vive la Republique!


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O dia 15 de novembro de 1889 ficou marcado na história brasileira como o marco da proclamação da República, pondo fim ao regime imperial iniciado em 1822. O período que vai da Independência à Primeira República é especial para o estudo do processo de formação identitária do Brasil, uma vez que, apartado da referência cultural da metrópole portuguesa, fez-se necessária a criação do “Brasil Nação”. Na construção da identidade cultural brasileira, a literatura, a música, as artes plásticas e o teatro tiveram uma participação especial, na medida em que reproduziam modelos de comportamento e ideais de civilidade “almejados” pela elite brasileira. Havendo “povos” demais, era imprescindível a criação de um povo brasileiro, dotado de características próprias. O indigenismo romântico foi fundamental para a exaltação das qualidades nacionais, personificadas na figura do Peri de José de Alencar.


Tenho uma predileção especial por esse período e posso afirmar que um dos melhores livros que já li sobre a história política e social da primeira república é “Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi”, do historiador mineiro José Murilo de Carvalho. Não se engane, apesar de ser um ensaio sobre história, o livro é delicioso e divertido, leve, muito bom de ser lido. Nos ajuda a compreender uma série de características e contrassensos da história do Brasil. Outro dia converso com vocês sobre os percalços do nosso hino nacional. Fica a dica em homenagem à data festiva. Vive la Republique!

"Assim, o mundo subterrâneo da cultura popular engoliu aos poucos o mundo sobreterrâneo da cultura das elites. Das repúblicas renegadas pela República foram surgindo os elementos que constituiriam uma primeira identidade coletiva da cidade, materializada nas grandes celebrações do carnaval e do futebol" (José Murilo de Carvalho, Os Bestializados, pg. 41).