Hoje tenho o prazer de publicar a poesia “Somente Amar” de Fernando Negreiros, professor, colega de trabalho, amante da literatura russa, anarquista e livre pensador. Fernando já traz o nome da poesia desde o nascimento. Tenho que concordar com ele, talvez o maior pecado seja o desamor. Lendo o poema Somente Amar, não pude deixar de lembrar de Pablo Neruda e a sua referência à dor de não ter sofrido, à solidão de não ter amado, à vida, enfim, vazia de significado daqueles que, como diria o Drummond, “os delicados”, não souberam ou quiseram amar. Deixo-os com a palavra do professor para um final de semana de muito amor. Embora o poema não seja apenas sobre o amor romântico, fica, como inspiração, Henri de Toulouse-Lautrec com sua pintura apaixonada, ao final.
SOMENTE AMAR
Por Fernando Negreiros
Somente amar, amar perdidamente,
Inconsciente e conscientemente,
Numa emoção vertiginosa e cega
Que, quanto mais reluta, mais se entrega.
Somente amar, de forma absoluta:
Amar a solidão da prostituta,
Amar o egoísmo da virgindade,
Amar quem nos legou dor e saudade.
Amar os loucos e amar a loucura
Que, das formas de amor, é a mais pura.
Amar – pede o espírito cansado,
Amar – reclama o corpo alucinado...
Enquanto há tempo, enquanto ainda é cedo,
Sem meios termos, sem pudor, sem medo.
De um modo tal que, ao fim da existência,
No tribunal da minha consciência
Me julguem por qualquer crime ou pecado,
Mas não me acusem de não ter amado...
Lindos versos.
Linda visão de mundo.
emocionante
=)