Drummond Viúvo


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O fim de ano, o ar de conclusão que vem com  dezembro, as esperanças que se anunciam em janeiro, deixam cada um de nós um pouco melancólicos. Há os que tomam decisões extremas, há os que se recolhem, como ostra, esquecidos ao próprio sofrimento, há os que leem poesia e esperam encontrar algum consolo nas palavras do poeta. Triste é quando a poesia é bela, mas igualmente melancólica. Gostaria de seguir o conselho do André-Comte Sponville e conseguir amar, desesperadamente, isto é, amar sem esperar nada, amar simplesmente, puro contentamento. Amor também é falta. Deixo-os com a linda Cantiga de Viúvo.



Cantiga de Viúvo
Carlos Drummond de Andrade

A noite caiu na minh’alma,
fiquei triste sem querer.
Uma sombra veio vindo,
veio vindo, me abraçou.
Era a sombra de meu bem
que morreu há tanto tempo.

Me abraçou com tanto amor
me apertou com tanto fogo
me beijou, me consolou.

Depois riu devagarinho,
me disse adeus com a cabeça
e saiu. Fechou a porta.
Ouvi seus passos na escada.
Depois mais nada...
                                   acabou.

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  1. Anônimo