Por que lemos? Seja a notícia de jornal ou o romance consagrado, lemos para ter acesso a uma realidade que ainda não nos pertence e que gostaríamos de absorver. O poema de amor do Drummond ou a notícia sobre o assassinato do líder das FARC me dizem sobre fatos, sentimentos, histórias que não são os meus, mas que, através da leitura, podem me ajudar a ampliar meu horizonte de compreensão, meu olhar sobre o mundo. Quanto mais se lê, mais conhece, porque o conhecimento não depende apenas da vivência, mas principalmente da empatia, da capacidade de se colocar no-lugar-de.
O gesto da leitura é uma das práticas mais íntimas e solitárias que podem existir. Só depende do recolhimento, da capacidade de concentração e do silêncio interior. Muitas vezes, percebo que a dificuldade de ler dos alunos está mais relacionada a uma falta de concentração (ou habilidade de concentrar-se) do que propriamente uma falta de interesse no objeto da leitura. Assim, uma proposta de reflexão sobre a literatura é, também, um convite ao silêncio.
Neste blog, gostaria de compartilhar com os amigos e alunos as minhas leituras diárias e os pensamentos (críticos ou líricos) sobre autores e textos. Não é, por enquanto, um blog de crítica literária, pois me falta conhecimento e habilidade para tanto. É um blog para conversas de fim de tarde sobre as experiências da leitura, sobre o ato de ler e de se emocionar com o lido. A arte, enquanto arte, não é – e não depende – do sentimento. Mas um dos efeitos da arte sobre a consciência é a emoção, e acredito que pode ser muito prazeroso compartilhar os efeitos da arte sobre o espírito. Então, vamos lá! Ler, pensar e conversar um pouco sobre literatura. Sejam bem-vindos.
Ju Diniz
Gosto da maneira discreta, simples e direta que escreve. É fundamental na comunicação, seja ela qual for, silenciar-se para que o outro seja escutado. Mais do que escutado, compreendido. No que a senhora muito bem apontou, na comunicação entre o texto e o intérprete, então, em razão dele está diante de um horizonte de compreensão desconhecido inicialmente, muitas vezes, é preciso disciplinar-se na ação de buscar deixar a mente disposta a escutar. É engraçado, também, como no hábito da leitura, como a filosofia hermenêutica nos ensina, a arte de interpretar nos possibilita essa proximidade entres esses horizontes... E o seu, particularmente, vem tornando-se muito querido pelo meu. Obrigada por compartilhar um pouco dele com seus alunos, através deste blog! :)
Lívia, ter alunas como você é o que torna a experiência de dar aula interessante e desafiadora! Obrigada pela visita e pelo estímulo de sempre. Um beijo.