Crônica de Quinta-Feira


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 Li em algum desses sites de notícias, e não sei até que ponto procede a informação, que alguém pode ser considerado jovem, para fins de contagem oficial, até os 28 anos. Resta-me, portanto, um ano e meio de juventude, quando passarei a integrar a estatística um pouco triste, mas muito digna, dos não-jovens. A ideia de não ser mais jovem me pegou de surpresa, muito embora já tenha, talvez, perdido o viço há anos. Por mais cliché que pareça, as pessoas estão sempre afirmando por aí que chegaram aos quarenta com a cabeça dos trinta e que, depois de certo tempo, não há mais concordância entre a idade que achamos ter àquela que os outros nos atribuem.



 Sinto-me perseguida, diariamente – mesmo no período de férias, o que é uma lástima – por uma sensação inquietante de que o tempo está passando, inexoravelmente, e estou ficando, ficando, ficando, até que não adiantará mais me preocupar. Será isso a perda da juventude? Alguns dirão que a geração dos jovens de hoje é vítima de uma corrida absurda por resultados – é preciso estar resolvido, bem-sucedido, formado e experiente já aos 25 – outros dirão que os minutos encurtaram-se, os segundos são unicamente sopros, e que os relógios já não têm a preguiça dos tempos em que era preciso esperar alguns dias pelas respostas de nossas cartas.

Nesse ponto não é importante saber quem tem razão. Só me preocupa a certeza de que chegará um tempo em que os planos não poderão mais ter a duração de décadas, mas de anos e que, talvez, o reflexo que tenhamos deixado no caminho seja pobre, rápido e aflito demais para que tenhamos orgulho do que fomos. Creio que é preciso perder mais o tempo.  Talvez isso nos baste.

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  1. Anônimo