O poeta
Manuel Bandeira, nascido em 1886 em Recife, é um dos modernistas por excelência
da literatura brasileira. Sua linguagem é leve, cotidiana, da cidade. Seu
lirismo vem acompanhado de uma melancolia que cativa as tristezas da gente. O
poema que trago hoje, chamado Teresa, nos fala sobre a inexplicável paixão que
surge por quem a gente nunca imaginou. O poema pode ser encontrado na obra Estrela da Vida Inteira (Editora Nova Fronteira, 1993, pg. 136). Boa segunda-feira!
Teresa
Manuel
Bandeira
A
primeira vez que vi Teresa
Achei
que ela tinha pernas estúpidas
Achei
também que a cara parecia uma perna
Quando
vi Teresa de novo
Achei
que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os
olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Os céus
se misturaram com a terra
E o
espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
Postar um comentário