Queridos
amigos, a casa do Ler para Contar está no meio de uma obra importante: as
prateleiras e as bancadas de estudo estão sendo, enfim, preparadas para acomodar
os livros com a ordem que este blog merece. Estou já muito contente com a
perspectiva de ter um espaço confortável, claro e organizado para trabalhar e
arrumar os títulos. Nos próximos dias, o acesso aos livros ficará um pouco prejudicado,
além do cansaço que todo esse mexe-mexe causa, mas tentaremos trazer, a cada
noite, um belo poema, obra de arte ou música para aquietar os nossos corações
solitários. Um beijo em todos.
Ferreira
Gullar
Do mesmo modo que te abriste à
alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.
Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta.
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.
Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta.
Engraçado como esse poema veio bem a calhar com o que venho pensando nesses últimos dias. Estava pensando em como vivemos hoje em dia uma ditadura da felicidade, em que a tristeza deve ser exorcizada a qualquer custo. Mas as pessoas se esquecem que somente saberão que estão felizes justamente por já terem experimentado o seu oposto: a tristeza.
E parabéns pelo blog, eu sempre leio, mas é a primeira vez que comento.
Obrigada, anônimo! É extremamente exaustivo ter que estar sempre bem, não é? Todos têm os seus dias de inferno astral. Abraço, comente sempre.