A
literatura norte-americana não costuma ocupar tanto a minha atenção, a não ser
por alguns poucos grandes escritores que têm um cantinho fiel na minha
prateleira. Um deles é Philip Roth, autor de origem judaica que escreveu, entre
outras obras, A Marca Humana, O Fantasma
sai de Cena e Nêmesis. Todos os
livros que li de Roth foram excelentes e me fizeram refletir sobre questões
muito profundas e filosóficas com fluidez e leveza. O livro desta semana foi O Animal Agonizante. Na história, David
Kepesh, um crítico de arte bem sucedido, solteirão convicto, conhece Consuelo
Castillo, uma jovem estudante de origem cubana, bela e exuberante. David
vivenciou a revolução sexual dos anos sessenta e se considera uma cria bem
sucedida da liberdade conquistada por essa geração: sem amores certos e
vínculos, David se considera emancipado e experimenta o sexo sem maiores
consequências afetivas. Ao conhecer Consuela, David desenvolve uma adoração
obsessiva e sexual que o faz fraquejar e questionar se é, de fato, livre. A
leitura é eletrizante, e os temas de fundo da literatura de Roth estão
presentes: a velhice, a prisão das convenções sociais, o puritanismo americano,
a decadência intelectual e física. Vale cada página!
“Para aqueles que ainda não são velhos, ser
velho significa ter sido. Porém ser velho significa também que, apesar e além
de ter sido, você continua sendo. E ter sido ainda está cheio de vida. Você
continua sendo, e a consciência de continuar sendo é tão avassaladora quanto a
consciência de ter sido. Eis uma maneira de encarar a velhice: é a época da
vida em que a consciência de que a sua vida está em jogo é apenas um fato
cotidiano. É impossível não saber o fim que o aguarda em breve. O silêncio em
que você vai mergulhar para sempre. Fora isso, tudo é tal como antes. Fora
isso, você continua sendo imortal enquanto vive.”
Só li 3 livros de Roth, mas gostei de todos, é um grande escritor.