Muitos
de nós, escritores ou não, já tivemos os nossos dias de dificuldades na
escrita. Pensando nesses momentos de falta de inspiração, trago um trechinho da crônica Lutar com palavras, do escritor mineiro
Fernando Sabino, publicada na coletânea A Chave do Enigma (editora Record, pg.
122).
“Posso
imaginar o que pensarão de nós (que vivemos de escrever e por isso ficamos em
casa o dia todo lutando com as palavras), aqueles que têm de enfrentar o
trabalho na cidade, saindo de manhã e só voltando à noite. Certamente nos
tomarão por vagabundos, pelo conceito tradicional de trabalho, segundo o qual
para exercê-lo é condição fundamental sair de casa.
[...]
Fica-se
à toa, andando de um lado para outro, com incursões à cozinha para tomar um
copo d´água ou comer uma banana. Um cigarro fumado à janela, uma revista velha
lida no banheiro. De vez em quando uma olhada com ódio para a máquina de
escrever, onde o papel em branco nos espera. Escrever o quê?”
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