As Mulheres de Molière


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Só um gênio do teatro como Molière seria capaz de criar uma obra-prima no século XVII (1643) capaz de atravessar os tempos e permanecer atual e engraçada para um leitor dos dias de hoje. Na comédia Escola de Mulheres (tradução do eterno Millôr Fernandes), o tema é o adultério feminino ou, mais especificamente, o temor de Arnolfo em ver a sua testa “ornada”, no dizer do francês. O protagonista passa a vida a rir da desgraça alheia e maldizer a falta de pulso dos homens, quando resolve se casar. Obcecado pela ideia de ser traído, Arnolfo toma a jovem Inês desde os quatro anos, mantendo-a sob os cuidados de uma ama para que se transforme numa mulher tão estúpida quanto submissa. É muito divertido acompanhar o desenrolar da comédia, o aparecimento do galã Horácio, as peripécias de Alain e Georgette, e, claro, perceber como Inês acaba aprendendo direitinho a dobrar a submissão e encontrar a doçura dos prazeres! Vale a leitura atenta.




“Caso com uma tola para não bancar o tolo. Acredito, à fé de Deus, que a sua é uma mulher sagaz; mas uma mulher esperta é mau presságio; eu sei o que custou a alguns casarem com mulheres cheias de talento; me caso com uma intelectual, interessada apenas em conversas de alcova, escrevendo maravilhas em prosa e verso, frequentada por marqueses e gente de espírito, e fico sendo apenas um marido de madame, discreto a um canto, como um santo sem crentes”. (Editora Paz e Terra, pg. 11)