Eugénie Grandet: Pobre Herdeira Rica


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Algumas semanas depois de ler A Mulher de Trinta Anos, eis que deparo com a Eugénie Grandet de Balzac e estou aqui para dizer o que achei da leitura. Posso dizer que a história de Eugénie é muito mais interessante que a de Julie: filha de um proprietário de terras da província, Eugénie é uma rica herdeira sem atrativos físicos ou intelectuais, que vive em estado de extrema penúria apesar da riqueza do pai, um avarento com todo o exagero que a literatura pode conceder a um romancista. A vida de Eugénie é pobre em afetos, sem paixões, até conhecer o primo parisiense, Charles Grandet, que chega arruinado à casa do tio, filho de um pai falido que se suicida em meio à bancarrota. Eugénie se apaixona e toda a trama de sua vida adquire contornos novos, novas expectativas. A história é viva, os personagens bem construídos, a leitura flui muito bem e o pessimismo realista da literatura madura de Balzac está lá. Eugénie Grandet me deixou uma impressão muito melhor que A Mulher de Trinta Anos e recomendo a sua leitura para os amantes do romance clássico francês!




“Os avarentos não acreditam na vida futura, o presente é tudo para eles. Essa reflexão lança uma luz horrível sobre os dias de hoje quando, mais do que em qualquer outra época, o dinheiro domina as leis, a política e os costumes. Instituições, livros, homens e doutrinas, tudo conspira para minar a crença em uma vida futura sobre a qual o edifício social está apoiado há mil e oitocentos anos. [...] Pensamento aliás inscrito em toda parte, até nas leis, que perguntam ao legislador: “Quanto você paga?”, em vez de dizer “O que você pensa?”. Quando essa doutrina tiver passado da burguesia para o povo, o que será do país?” (Editora Estação Liberdade, 2009, pg. 123)