Nihonjin: Para entender a imigração japonesa


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Mais cedo falamos sobre a imigração japonesa no post sobre a fotografia de Haruo Ohara. Lembrei de imediato de um romance ótimo que li há uns meses, do neto de imigrantes japoneses Oscar Nakasato. A obra Nihonjin foi publicada pela Editora Benvirá (Selo do grupo Saraiva) e retrata a saga de Hideo Inabata, que chega ao Brasil na década de 20 com toda a família para enriquecer – sempre pensando em voltar para o Japão e para a família. Uma história comovente e enriquecedora sobre diversidade cultural e autodeterminação. Isso porque os imigrantes japoneses enfrentaram duas dificuldades contraditórias: os brasileiros que acreditavam em sua completa assimilação cultural, e os japoneses mais ortodoxos, que puniam firmemente os que se relacionassem com brasileiros ou demonstrassem interesse pela cultura do Brasil. Para entender a importância do respeito à diferença.

“Os homens de farda arrancaram as folhas dos cadernos e dos livros, fizeram um monte na rua e atearam fogo. As crianças, assustadas, observavam tudo em silêncio. Hideo, impassível, os braços firmes ao longo do corpo, era quase uma estátua.
            -  O que o professor ensina a vocês? – perguntou um policial a uma das crianças.
- Teijisan, você não precisa responder – orientou Hideo em língua japonesa.
- Ô japa, você não pode falar em japonês! – repreendeu o soldado. – Você não conhece a lei?
- Eu sou japonês, falo em japonês – retrucou Hideo, usando a língua portuguesa.
- É japonês, mas está no Brasil! E aqui no Brasil se fala o português.”