Precisava encontrar algo de inspirador para postar hoje. Estive cansada para percorrer os livros, as páginas, as palavras alheias, os amores alheios, os olhares de outros tempos. Sentada, na mesa da sala, o sol das quatro através da janela, pensei que a matéria presente é esta: o gato que dorme, a geladeira que ronrona, a pequena vizinha que saltita nos saltos da mãe no andar de cima. Um passarinho passa voando, canta, e o gato abre lentamente os olhos, observa o voo lento, volta a dormir, como se imaginasse que nem todo esforço vale a pena, que, às vezes, o recolhimento e o repouso são mais importantes que a luta, a corrida, o porvir. É tempo de encaixotar tudo, lembranças, planos, vivências que preencheram esta casa tão minha e já tão outra. É tempo de mudança. O porvir nós olharemos ora deitados, de canto de olho, entre os suspiros de um sono felino, ora alertas, esperançosos, com os pulmões aspirando o ar ruidoso do mundo aí fora, como um gato vadio das meia-noites.
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