O Ler para Contar está mais lento nos últimos dias por vários motivos: mudança inesperada de casa, gripe, organização da volta às aulas, cansaço. Por isso, peço paciência e boa vontade, que vamos tentando levar a literatura num ritmo mais doce que o ritmo da vida-nossa-de-todo-dia, tão maluca, máquina de moer gente. Deixo-os com a linda poesia de Cecília Meireles, publicada na obra Vaga Música. A fotografia para nos fazer sonhar é de Saulo e é, sem dúvidas, a minha preferida entre toda a sua obra.
Mar em Redor
Cecília Meireles
Meus ouvidos estão como as conchas sonoras:
música perdida no meu pensamento,
na espuma da vida, na areia das horas...
Esqueceste a sombra no vento.
Por isso, ficaste e partiste,
e há finos deltas de felicidade
abrindo os braços num oceano triste.
Soltei meus anéis nos aléns da saudade.
Entre algas e peixes vou flutuando a noite inteira.
Almas de todos os afogados
chamam para diversos lados
esta singular companheira.
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