Já ouviram falar de Jean-Baptiste Poquelin? E de Molière? O francês é o mestre do teatro cômico e tem divertido leitores e espectadores há séculos. Nascido em 1622, Molière é autor de obras como O Doente Imaginário, Tartufo e Don Juan, todas excelentes e hilárias. Hoje deixamos um trecho de uma das minhas preferidas, chamada Les Femmes Savantes e traduzida pelo Millôr Fernandes como As Eruditas. O bom da referência é que se pode encontrar facilmente os livros nas edições de bolso da L&PM Pocket, que se encontra em qualquer livraria.
A pobre Henriqueta, moça simples que só ambiciona casar e formar família, tem que lidar com a incompreensão de suas irmãs, “eruditas”, que levam a vida a estudar e a buscar a realização. A grande graça é perceber como Molière transforma as personagens “savantes” em vítimas de Tremembó, filósofo de meia tigela cheio de referências falsas. Experimentem! Ler teatro é uma delícia.
(...)
ARMANDA
Não entendo. Não sou versada em povo. De que ditado fala?
CRISTÓVÃO
Quem foi ao vento, perdeu o assento.
ARMANDA
E quem lhe disse que estou interessada no ar ou no lugar? Acho ridículo você assim pensar e impertinente ousar me declarar.
HENRIQUETA
Calma, minha irmã. Onde está a moral
Que domina tão bem nossa parte animal?
Segure as rédeas do teu temperamento. Senão, ele dispara.
ARMANDA
E você, que se atreve a essa ironia, melhor teria feito se,
Antes de aceitar essa corte atrevida,
Escutasse o conselho dos que te deram a vida.
Acho que nem necessito lembrar
Que só eles podem escolher quem você deve amar.
Têm autoridade suprema sobre teu coração
Do qual você não dispõe sem sua permissão.
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