O universo de memórias da segunda guerra mundial é bastante rico e tem dado material para elaboração de documentários, filmes, exposições, análises filosóficas. A literatura também presta uma grande contribuição àqueles que desejam compreender o que significou vivenciar, como civil, um conflito de proporções intercontinentais. Muitos escritores viveram o cotidiano da guerra e utilizaram a experiência para criar romances e novelas ambientados nesse contexto, dando uma boa ideia das angústias, dúvidas, dificuldades, dor daqueles que sofreram na pele a grande catástrofe. A escritora russa de origem judaica Irène Némirovsky escreveu a obra-prima Suíte Francesa, descoberta num pequeno diário 62 anos depois de sua morte (foto do manuscrito abaixo), motivada pela deportação para Auschwitz em 1942. Nessa obra, é possível compreender qual foi o clima da França ocupada pelos nazistas e como foi caótica e desesperada a desocupação de Paris logo antes da chegada dos alemães à cidade. Para ler e se emocionar. A literatura nos ensina a não repetir os erros do passado.

“Quente, pensavam os parisienses. Ar de primavera. Era a noite na guerra, o alerta. Mas a noite se apaga, a guerra está longe. Os que não dormiam, os doentes no fundo do leito, as mães cujos filhos estavam na frente de batalha, as mulheres apaixonadas de olhos murchos pelas lágrimas ouviam o primeiro apito da sirene. Ainda era só uma aspiração profunda e semelhante ao suspiro que sai de um peito oprimido”.
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