A Docilidade em Dostoiévski


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Fiódor Dostoiévski é considerado um dos maiores romancistas de todos os tempos. Nascido na Rússia, no ano de 1821, é autor de obras-primas como O Eterno Marido e Crime e Castigo. Hoje, o autor me fez companhia com a novela Uma Criatura Dócil, cuja tradução é publicada pela Cosac e Naify, com as gravuras de Lasar Sagall. Na história, uma jovem de 16 anos, órfã e pobre, é levada a se casar com um usurário mais velho, cuja personalidade é marcada pelo ciúme e paranoia. O romance relata a breve história do casamento, a partir da perspectiva atormentada do marido, em desespero pelo suicídio da mulher. Grande leitura!




“A rotina! Oh, a natureza! Os homens estão sozinhos na terra, essa é a desgraça! “Há alguma alma viva sobre a terra?”, grita o bogatir russo. Eu, que não sou bogatir, grito o mesmo, e ninguém dá sinal de vida. Dizem que o Sol dá vida ao universo. O Sol está nascendo, olhem para ele, por acaso não é um cadáver? Tudo está morto, e há cadáveres por toda parte. Os homens estão sozinhos, rodeados pelo silêncio – isso é a terra! “Homens, amai-vos uns aos outros” – quem disse isso? De quem é esse mandamento? O pêndulo bate de um modo insensível, nauseante. São duas horas da madrugada. Suas botinhas estão junto à cama, como se esperassem por ela... Não, falo sério, quando a levarem amanhã, o que vai ser de mim?”