Os Horrores de Moureau: H. G. Wells


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Poucos gêneros são tão bons de ler e recreativos como a ficção científica. Para quem não é iniciado nessa literatura, as obras de H.G Wells, inglês nascido em 1866, são muito bem construídas e valem a leitura. O autor de A Máquina do Tempo conseguiu se superar com o romance A Ilha do Dr. Moureau, que li na semana passada, de um fôlego só. Escrito em 1896, a obra retrata a história de Prendick, um náufrago resgatado que acaba aportando na ilha onde o cientista Moureau faz suas experiências genéticas. Não vou estragar a graça da leitura revelando o quê  Prendick encontra na ilha perdida, mas para quem quiser matar a curiosidade, vale assistir ao trailer do filme, que tem Marlon Brandon no papel do terrível Dr. Moureau. O filme é uma livre adaptação da obra escrita no século XIX, razão pela qual se deve diferenciar a literatura do cinema com bastante cuidado (impossível imaginar o personagem Montgomery na pele de Val Kilmer). É especialmente interessante perceber como a anomia se instala a partir da destruição da autoridade do líder. Apesar de toda essa discussão de fundo, é uma leitura excelente. Literatura para divertir (e arrepiar)!








“Além disso, sou um homem religioso, Prendick, como qualquer homem equilibrado. Penso que investiguei os desígnios do nosso Criador melhor do que você, porque mergulhei no estudo de suas leis, enquanto você, pelo que sei, colecionava borboletas. E vou lhe dizer, prazer e dor não tem nenhuma relação com o céu e o inferno. Prazer e dor...bah! O que são os êxtases dos teólogos, senão as huris prometidas por Maomé? A importância que homens e mulheres dão ao prazer  e à dor, Prendick, é a marca do animal sobre eles, a marca do bicho que um dia fomos. Dor! Dor e prazer...existem para nós apenas enquanto nos espojamos no pó”. (WELLS, H.G. A Ilha do Dr. Moureau, tradução de Braulio Tavares. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, pg. 98)