Balzaquianas: A Mulher e a Maturidade

mai
2012
23

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No romance A Mulher de Trinta Anos, Balzac nos conta a história de Julie d’Aiglemont, na passagem de sua adolescência à maturidade. O enredo começa com o nascimento do afeto de Julie por Victor, homem que se tornará o seu marido a contragosto do pai da moça, que anteviu um futuro sombrio para o casal. A Julie casada vai aprender a viver em sua condição de mulher, à sombra de um marido estúpido e vaidoso, que lhe cansará logo nos primeiros anos. É curioso perceber as estratégias utilizadas pela personagem – ainda que inconscientemente – para permanecer acreditando em seu ideal romântico de amor.




O escritor francês foi um grande construtor de personalidades femininas em suas histórias, sendo Julie uma das muitas referências desse universo histérico e voluntarioso criado por Balzac. Ler A Mulher de Trinta Anos, guardadas as devidas proporções, é como assistir a uma novela das oito: uma protagonista fadada a um casamento triste, um amor impossível, elementos tragicômicos, o conflito moral. Não posso dizer que me identifiquei com os dramas pessoais de Julie, mas com certeza me diverti muitíssimo lendo este que é um típico romance francês do século XIX. Não é o melhor Balzac (e tenho que concordar com o Berthier), mas é um livro bom de ser lido, especialmente para as leitoras.
 


“A condessa de Sérisy era uma daquelas mulheres que pretendem exercer uma espécie de domínio sobre a moda e sobre a sociedade em Paris; ela ditava decretos que, recebidos no círculo em que reinava, pareciam-lhes adorados universalmente; tinha uma pretensão de dizer a última palavra; era soberanamente juíza” (BALZAC, Honoré. A Mulher de Trinta Anos. São Paulo: Estação Liberdade, 2000, pg. 67)