No
romance A Mulher de Trinta Anos,
Balzac nos conta a história de Julie d’Aiglemont, na passagem de sua adolescência
à maturidade. O enredo começa com o nascimento do afeto de Julie por Victor,
homem que se tornará o seu marido a contragosto do pai da moça, que anteviu um
futuro sombrio para o casal. A Julie casada vai aprender a viver em sua condição de mulher,
à sombra de um marido estúpido e vaidoso, que lhe cansará logo nos primeiros
anos. É curioso perceber as estratégias utilizadas pela personagem – ainda que
inconscientemente – para permanecer acreditando em seu ideal romântico de amor.
O
escritor francês foi um grande construtor de personalidades femininas em suas
histórias, sendo Julie uma das muitas referências desse universo histérico e
voluntarioso criado por Balzac. Ler A
Mulher de Trinta Anos, guardadas as devidas proporções, é como assistir a
uma novela das oito: uma protagonista fadada a um casamento triste, um amor
impossível, elementos tragicômicos, o conflito moral. Não posso dizer que me
identifiquei com os dramas pessoais de Julie, mas com certeza me diverti
muitíssimo lendo este que é um típico romance francês do século XIX. Não é o
melhor Balzac (e tenho que concordar com o Berthier), mas é um livro bom de ser
lido, especialmente para as leitoras.
“A condessa de Sérisy era uma daquelas
mulheres que pretendem exercer uma espécie de domínio sobre a moda e sobre a
sociedade em Paris; ela ditava decretos que, recebidos no círculo em que
reinava, pareciam-lhes adorados universalmente; tinha uma pretensão de dizer a
última palavra; era soberanamente juíza” (BALZAC, Honoré. A
Mulher de Trinta Anos. São Paulo: Estação Liberdade, 2000, pg. 67)
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