As Maravilhas da Turquia: Orhan Pamuk

mai
2012
19

on

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O escritor turco Orhan Pamuk ganhou o prêmio Nobel de literatura em 2006. Autor do célebre romance Neve, Pamuk é dono de uma prosa muito elegante, sofisticada, apesar de simples, além de ótimo ensaísta. Daqueles escritores que parecem “conversar” com quem os lê. O romance de estreia do autor foi O Castelo Branco, publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras, responsável pela tradução de Pamuk para o português. Passei a semana acompanhada da história, que se passa no século XVII e narra o aprisionamento de um estudioso italiano por uma esquadra turca. O narrador-personagem torna-se escravo e, graças aos seus conhecimentos sobre ciência, é dado de presente pelo Paxá a Hoja, astrônomo e estudioso respeitado pela aristocracia de Istambul. O romance é, basicamente, um retrato da relação entre os dois, o cristão e o turco, a relação de duas culturas, o conflito entre universalidade e localidade: o que atormenta Hoja é saber, afinal, se os “outros” – no caso, os cristãos – sofrem, pecam, vivem como os fiéis. Um livro bastante comovente, que recomendo a todos que gostam de um bom romance histórico. Para tempos de diálogos inter-raciais.




“E finalmente chegamos a um ponto onde se via o castelo. Erguia-se no alto de um morro bem elevado; a luz enviesada do sol poente tingia de um vermelho desbotado os estandartes hasteados nas suas torres. E era branco; imaculado e belo. E não sei por que me ocorreu que só em sonho se poderia  imaginar uma coisa tão linda e inacessível. Nesse sonho, você sobe por uma vereda sinuosa que atravessa uma floresta densa, correndo para tentar alcançar aquela massa de luz cegante erguida no topo, aquele edifício de marfim; como se ali o esperassem prazeres que você não quer perder, uma oportunidade de ser feliz que não quer deixar acabar.” (PAMUK, Orhan. O Castelo Branco, Cia das Letras, 2007, pg 177)