Amigos,
desculpem esses dias de ausência, mas é que o coração deste blog anda batendo
mal e em ritmo fraco, numa melancolia existencial sem tantas explicações.
Deixo, como estímulo aos que querem estar em outro lugar, um trecho da obra Marca d’Água, de Joseph Brodsky. O livro
é um relato de viagem a Veneza e faz parte da coleção da Cosac Naify sobre
visitas a lugares distantes. Afinal, para alguns, Veneza descrita nas artes
plásticas e na literatura é um lugar mítico que nunca chegará. O que melhor que
uma viagem para nos libertar do que somos por alguns instantes? Bom fim de semana!
“Muitas luas atrás, o dólar valia
oitocentas e setenta liras e eu tinha trinta e dois anos. O globo, também, era
mais leve dois bilhões de almas, e o bar da stazione, aonde eu tinha chegado
naquela fria noite de dezembro, estava vazio. De pé, esperava que a única
pessoa que eu conhecia na cidade viesse me encontrar. Ela estava bastante
atrasada.
Todo viajante conhece essa situação:
mistura de cansaço e apreensão. É a hora em que se olha para os mostradores do
relógio e para os quadros de horário, se examina o mármore varicoso sob seus
pés, se inala amônia e esse cheiro sombrio produzido, nas noites frias de
inverno, pelo ferro fundido das locomotivas. Fiz isso tudo.”
(BRODSKY, Joseph. Marca d’água,
tradução de Júlio Guimarães, São Paulo, Cosac Naify, 2006, pg. 90)
Os posts fizeram falta!
ps: sempre leio e sempre esqueço de comentar,
Valeu pelo comentário. Eles são importantes, sabe, para deixar para trás a sensação de estar falando sozinha. ;)
Juliana, como você e Brodsky, adoro Veneza. É a cidade que mais amo no mundo e para onde viajo, por dever de ofício e exercício de paixão, a cada dois anos. A cada Bienal de Artes Visuais, lá estou. Há duas décadas. E, cada vez que vou, sinto que preciso conhecer melhor essa cidade mágica. Coleciono autores que escreveram sobre Veneza. Brodsky, ao lado de Ruskin, talvez tenham sido os mais sensíveis e eloqüentes. E essa citação que você faz de Brotsky é realmente uma das melhores. Valeu! Abraço Angélica de Moraes
Obrigada pela visita, Angélica! :)