A Caminho de Veneza: Joseph Brodsky

mai
2012
18

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Amigos, desculpem esses dias de ausência, mas é que o coração deste blog anda batendo mal e em ritmo fraco, numa melancolia existencial sem tantas explicações. Deixo, como estímulo aos que querem estar em outro lugar, um trecho da obra Marca d’Água, de Joseph Brodsky. O livro é um relato de viagem a Veneza e faz parte da coleção da Cosac Naify sobre visitas a lugares distantes. Afinal, para alguns, Veneza descrita nas artes plásticas e na literatura é um lugar mítico que nunca chegará. O que melhor que uma viagem para nos libertar do que somos por alguns instantes?  Bom fim de semana!




“Muitas luas atrás, o dólar valia oitocentas e setenta liras e eu tinha trinta e dois anos. O globo, também, era mais leve dois bilhões de almas, e o bar da stazione, aonde eu tinha chegado naquela fria noite de dezembro, estava vazio. De pé, esperava que a única pessoa que eu conhecia na cidade viesse me encontrar. Ela estava bastante atrasada.

Todo viajante conhece essa situação: mistura de cansaço e apreensão. É a hora em que se olha para os mostradores do relógio e para os quadros de horário, se examina o mármore varicoso sob seus pés, se inala amônia e esse cheiro sombrio produzido, nas noites frias de inverno, pelo ferro fundido das locomotivas. Fiz isso tudo.” (BRODSKY, Joseph. Marca d’água, tradução de Júlio Guimarães, São Paulo, Cosac Naify, 2006, pg. 90)

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  1. Anônimo