O intimismo de Inês Pedrosa


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Já indiquei a portuguesa Inês Pedrosa a muitos amigos, almas perdidas em lirismo que adoram ler sobre paixões insuperáveis e amores sofridos. O meu livro preferido da escritora é o romance Nas tuas mãos, que tem uma estrutura narrativa bastante peculiar. Três gerações de mulheres de uma mesma família falam sobre o amor: Jenny, a avó, deixa um diário; Camila, a mãe, um álbum de fotografias e Natália, a neta, uma coletânea de cartas. O livro é muito tocante e mostra como cada um de nós desenvolve um jeito muito íntimo de se relacionar com a paixão e com as desilusões da vida. Era um pouco difícil encontrar os romances da Inês Pedrosa nas livrarias, por conta da distribuição ruim da editora anterior. Há alguns anos ela está sendo publicada no Brasil pela Alfaguara, uma editora fantástica: livros bem editados, não tão caros e fáceis de achar! ;)

 





“Pareciam feitos um para o outro, tu e o Pedro. Um piano e a sua partitura. Tu gostarias de ser a música, mas eras forçado, pelo próprio excesso da sua paixão, a permanecer instrumento de ressonância dele. Creio que foi por amor de ti que o Pedro abafou o talento que tinha. Vários talentos, de resto; pintava o que queria, escrevia poderosamente, e tinha uma esplêndida voz de barítono. Mas nada disso se comparava, para ele, à perfeição compacta dos teus sentimentos. Ele queria amar-te com a obsessiva exactidão com que tu o amavas, e esse permanente hiato de desejos impossíveis adejava entre os dois como um sol privativo.”