Lendo esta
crônica do Drummond lembrei de Saulo, que sempre fica indignado ao ver as
propagandas dos bancos na TV. Boa quarta, amigos!
“Já temos o Banco Azul, o Banco Jovem; por
que não teríamos o Banco Primavera, o Banco Felicidade? A moda é vestir os
bancos com etiquetas pra frente. Fazer do banco um cara simpático.
- Você é cliente do Hipotecário?
- Há muitos anos.
- Com um nome desses! Eu, se fosse você,
passava sua conta para o Alegria-Alegria (não sei bem o nome oficial dele, foi
assim que ficou conhecido). Um espetáculo, meu velho. Lá, o gerente, o
contador, as garotas do caixa recebem o cliente às gargalhadas. Você paga
rindo, sem sentir, o imposto de renda, a conta do telefone, o carnê, a
duplicata, a fatura da Santa Casa.”
[...]
Corretores de publicidade estão vendendo imagens bancárias de muito apelo. O Banco Pasárgada, onde eu tenho o saldo que eu quero na hora que escolherei; lá o cheque sem fundos é uma aventura de tal modo inconsequente, que quando eu estiver cansado de emiti-lo, mando chamar o delegado para me contar as histórias que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar. Tua poesia, grande Bandeira, floresceu e frutificou num banco de sonho acordado."
(Carlos Drummond de Andrade,
New-face do Dinheiro, in As Palavras que ninguém diz, Editora
Record)
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