Bach, o futebol e a concentração


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Eu sempre gostei de trabalhar, ler, estudar e escrever com o som ligado. No meu quarto de solteira havia uma TV e, quando casei, diante da negativa absoluta do Saulo sobre a televisão no quarto de dormir, acabei ocupando a sala como “lugar de estudo” preferido. Mesmo a TV ligada não só não me incomoda, como muitas vezes me ajuda a concentrar: pouco importa o que está passando, o que estão dizendo; aquele ruído de fundo, constante, baixo, é como uma prova de que o mundo pode ser colocado dentro de uma caixa, deixando nosso pensamento livre, solto. As tardes de futebol europeu ou os domingos de futebol americano podem ser especialmente produtivos para atividades que exigem muita paciência e força de vontade, como entender aquele ensaio filosófico que você precisa explicar como pressuposto teórico de sua tese (sem falar na emoção de, entre uma ideia ou outra, surgir um gol ou um touchdown para arejar). Embora eu saiba que há pessoas que simplesmente precisam do silêncio absoluto para pensar, deixo com vocês este link do YouTube com as cello suites completas de Bach interpretadas por Yo Yo Ma, para servir de trilha sonora ao pensamento de vocês, naqueles dias cheios de intensa confusão mental. Bom fim de semana!
 

 


P.S. Saulo tem tentado usucapir minha sala e meu sofá graças à chegada do aparelho de som todo especial dele, mas tenho resistido com todas as forças à turbação na minha posse, tendo em vista que o pacto antenupcial previa que a sala seria “meu lugar da TV”. Espero algum amigo que advogue em minha causa. ;)