O escritor
uruguaio Mario Benedetti já esteve no blog antes e é um dos nossos autores
favoritos. Seja por sua escrita leve, muito verdadeira e limpa, seja pela
nostalgia melancólica que permeia suas palavras, Benedetti é um autor que
merece ser descoberto. Hoje trago a dica do livro A Borra de Café, publicado em português pela editora Alfaguara. No
livro, temos as memórias da infância e da juventude de Claudio, alterego de
Benedetti. Uma boa segunda-feira para vocês!
“Foi a partir dessa escolha que minha
relação com Mariana mudou. Coincidentemente, minha ausência de vários dias a
fizera concentrar-se em si mesma e medir-se e medir-me. E decidir apostar em
nós. Dois ex-namorados ficaram para trás. Disse-me isso sem chorar, com seus
olhos escuros bem abertos. De modo que quando voltei para ela, e também lhe narrei
quanto Rita havia pesado em minhas vacilações (Até então, eu nunca a mencionara
a Mariana) e lhe disse que ficaria definitivamente com ela, o fato de termos
escolhido, ela a mim, eu a ela, cada um por conta própria e em liberdade,
significou um pacto espontâneo, sem papéis nem testemunhas, e quando por fim
nos abraçamos, pela primeira vez mais aquém e mais além do tango que nos havia
juntado, sabíamos que isso ia ser perdurável, isto é, tão perdurável quanto o
transitório admite.”
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