Ontem
falamos sobre o romance de Agualusa que tem o Brasil colonial como um dos destinos
exóticos do aventureiro Fradique. O Brasil que conhecemos
hoje, as referências simbólicas que compartilhamos, foi “construído” no século
XIX através das artes. A vinda da corte portuguesa para o Brasil no começo do
século XIX representou o nascimento da ideia de que era preciso “desenvolver a nação
cultural do Brasil”, forjar uma identidade para a imensa colônia que ganhava
importância no cenário europeu.
A empresa civilizatória empreendida pelos
portugueses teve seu ápice com a organização de uma missão artística em 1816, que
trouxe para o Brasil pintores, escultores, cientistas, músicos, enfim, uma
infinidade de intelectuais dedicados a captar a alma da colônia, seus ares,
suas cores e sons. Até mesmo a literatura se engajou no projeto, encontrando um lugar no indigenismo de José de Alencar e Gonçalves Dias, que exaltavam a alma boa do índio brasileiro e o som doce e cativante dos sabiás. A figura de Jean-Baptiste Debret merece destaque nesse
contexto. O pintor francês é o responsável pela criação de uma obra vastíssima
de aquarelas, gravuras, pinturas, nas quais ficou materializada a vida cotidiana, a
moda, os hábitos e a dinâmica urbana e rural do Brasil colonial. Grande observador dos costumes, Debret teve um cuidado especial em recriar as vestimentas, em retratar cenas das ruas, da gente simples da província. Uma aula de
história que encanta os nossos olhos.
A
editora Sextante publicou uma edição especial do Caderno de Viagem de Debret,
com organização e texto de Julio Bandeira. Uma obra que vale a pena ter na
estante!
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