Este
blog adora ler teatro e, em especial, as comédias. Então, aproveitando o ensejo
da segunda-feira, trazemos a dica da peça Viúva,
porém honesta do pernambucano Nelson Rodrigues. A obra, cuja primeira
montagem aconteceu em 1957, é definida como uma farsa, um “passatempo” cômico
onde nada deve ser levado a sério, inclusive os personagens. É, no dizer de Flávio
Aguiar, um deboche que expõe uma dura crítica à falsa moralidade da burguesia
brasileira. Na história, Ivonete, que acaba de ficar viúva, recusa-se a sentar,
em respeito ao marido morto. O pai de Ivonete, dono de um jornal importante no
Rio de Janeiro, resolve convocar um “time de especialistas” para resolver o
problema da filha. O texto, publicado
pela editora Nova Fronteira, é divertidíssimo e vale cada segundo dedicado à
leitura.
"DIABO DA FONSECA: - Declaro-vos amantes,
até segunda ordem. (Pardal roça os lábios na testa de Ivonete). Meus filhos, na
união de um homem e de uma mulher, o que interessa não é a cama, não é o
quarto, não é a sala, e sim o banheiro. “O banheiro”, disse eu e repito.
DR. J.B.: - Mais discurso, oh!
DIABO DA FONSECA: - Pergunto: qual o único
cômodo metafísico da casa? O banheiro! Sim, meus caros amantes: o banheiro tem
um trono, no uso do qual o homem vira um “Rei Lear”. E digo mais: o banheiro é
tão importante que é nele que morre o amor.
PSICANALISTA: - Licença para um aparte?
DIABO DA FONSECA: - Com prazer.
PSICANALISTA: - O que V. Exª. está dizendo
não é científico!
DIABO DA FONSECA: - Pode não ser científico,
mas é batata! Eu disse que o amor morre no banheiro e provo. Quando um cônjuge
bate na porta do banheiro e o outro responde lá de dentro: “Tem gente!”, não há
amor que resista!"
Postar um comentário