Ontem dei um pulinho na Livraria da
Vila para garimpar novas leituras e acabei encontrando uma publicação do Carlos
Heitor Cony que ainda não tinha lido. O romance A Noite do Massacre foi escrito para o cinema, sob encomenda, em
1975, sendo transformado em roteiro sob o nome de Paranoia. O enredo retrata
uma noite na mansão de Marcelo Caseli, um rico empresário de São Paulo que tem sua
casa invadida por um grupo de assaltantes, liderado por João, um criminoso bem
educado que se orgulha de praticar crimes sem violência, “limpos”. A família é
feita refém, assim como os vizinhos e os empregados e, como se espera, o que
deveria ser um assalto rápido e sem sangue se transforma num verdadeiro
pesadelo. A narrativa é absolutamente eletrizante – comecei a ler ontem e só
consegui dormir depois de terminar, algumas horas depois. Mais um motivo para
adorar o Cony. Bom fim de semana!
“João Sereno foi o último a chegar.
Aprendera o macete há tempos: o chefe nunca podia facilitar. Qualquer reunião
do grupo podia estar furada, infiltrada. A polícia às vezes pegava um dos
homens, soltava-o como isca, o camarada não podia avisar, todos se reuniam – e entravam
pelo cano. Bem verdade que não tinha muito a temer. O bando era pequeno, três
homens apenas, e tudo de confiança. Desde que trabalham para ele, abandonaram
os biscates, os trabalhos avulsos e pessoais, que podiam dar sopa para a
polícia. Só agiam em conjunto, e sob suas ordens. Fora disso, eram cidadãos
comuns, respeitadores da lei, amantes da ordem”
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