Resolvi
trazer um trecho de um romance que ainda estou lendo, A Felicidade Conjugal, do escritor russo Liev Tolstói, pela beleza
da descrição de uma tarde de primavera, apresentada logo no início da história.
Lendo as palavras de Tolstói, cheguei a ouvir o som dos rouxinóis e sentir o
frescor da terra molhada em um jardim bem distante, na zona rural da Rússia. A
tradução do russo é de Boris Schnaiderman, Editora 34, Coleção Leste.
“Estávamos
sentadas no terraço, preparando-nos para tomar chá. O jardim já estava todo
verde, e nos canteiros cobertos de vegetação os rouxinóis instalaram-se para
passar todo o mês de junho. As moitas densas dos lilases apareciam como que
polvilhadas de branco e roxo. Eram as flores que se preparavam para
desabrochar. A folhagem na alameda de bétulas era de todo transparente ao pôr
do sol. Havia uma sombra fresca no terraço. O denso orvalho noturno cairia
ainda sobre a erva. No quintal, além do jardim, ouviam-se os derradeiros sons
do dia, o barulho do rebanho tangido de volta; o pateta Níkon passava com um
barril pelo caminho diante do terraço, e um jato de água fria, saindo em
círculos do regador, enegrecia a terra revolvida junto aos caules das dálias e
suas estacas.”
(Referência, página 18)
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