Os Mistérios de McEwan: Amsterdam


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O escritor britânico Ian McEwan, nascido em 1948, tornou-se conhecido pelo grande público por conta da adaptação de seu romance Reparação para o cinema, de autoria do cineasta Joe Wright. O estilo de McEwan é extremamente envolvente, seus enredos trazem um clima de mistério e investigação próprios dos romances policiais. Uma prosa fácil de ser lida, elegante, com personagens adultos e críveis, que nos cativam em seus conflitos morais e existenciais do começo ao fim da história. Hoje, trago a dica do livro Amsterdam, ganhador do Booker Prize. Temos o entrelaçamento da história de quatro homens, Clive, Vernon, Garmony e George a partir da morte de Molly, que esteve ligada sexual e afetivamente a todos eles em diferentes períodos do passado. A personagem de Molly, que só aparece através da fala dos amantes, é fundamental para o desenrolar da trama, onde o caráter e os limites morais de cada um deles é colocado a prova. Vale a leitura.
 

 

“Está frio demais, temos que ir embora”, Clive ouviu alguém falar em voz alta, mas por enquanto ninguém conseguia escapar à força centrípeta de um evento social. Ele já se perdera de Vernon, laçado pelo proprietário de um canal de televisão.

Por fim Clive se viu apertando a mão de George num simulacro razoável de sinceridade. “Foi uma cerimônia maravilhosa”.

“Foi muito gentil de sua parte ter vindo.”

A morte de Molly o enobrecera. A postura grave e reservada não fazia realmente o seu gênero, que no passado tinha sido um misto de carência e melancolia; ansioso para que gostassem dele, mas incapaz de aceitar a amizade como algo normal. O fardo das pessoas imensamente ricas.
(McEWAN, Ian. Amsterdam. São Paulo: Cia das Letras, 2012, pg. 17)