Há uns dois meses, fiquei imensamente triste
com a notícia de que Gabriel García Marquez está sofrendo de uma demência que
lhe impede de escrever novas obras e que já está afetando gravemente sua
memória. Gabo já conquistou sua imortalidade, pelas histórias e pelo mundo
particular criado pelo escritor em suas obras, que estão aí a nos consolar pela
sua ausência. O romance de hoje é, sem dúvida, o meu predileto: Do Amor e Outros Demônios. Sierva María
de Todos los Ángeles é enclausurada no convento de Santa Clara sob o argumento
de estar possuída pelo demônio. Caetano Delaura é encarregado do tratamento e acaba se apaixonando pela
criatura única e mítica pintada por Gabriel García Márquez. Sem dúvida, uma das
personagens mais marcantes da obra do autor. O amor não está presente apenas na
relação de Sierva e Caetano, mas permeia o enredo e o destino de todos os
outros personagens, que representam, cada qual a seu modo, uma faceta distinta
desse estado de espírito confuso que é o amor. Boa quarta-feira!
“Filha de nobre e plebeia, a menina teve
uma infância de exposta. A mãe a odiou desde que lhe deu de mamar pela única
vez e se negou a tê-la consigo com medo de matá-la. Dominga de Adviento a
amamentou, batizou em cristo e consagrou a Olokun, divindade ioruba de sexo
incerto, cujo rosto se presume tão temível que só se deixa ver em sonhos, e
sempre de máscara. Criada no pátio dos escravos, Sierva María aprendeu a dançar
antes de falar, aprendeu três línguas africanas ao mesmo tempo, a beber sangue
de galo em jejum e a esgueirar-se entre os cristãos sem ser vista nem
pressentida, como um ser imaterial.” (MÁRQUEZ, Gabriel Garcia. Do amor e outros demônios. São Paulo, Record,
2006, pg. 66)
Não sabia que estava acontecendo isso com ele.Que triste!!
Mas o que vale é que ele deixou um grande legado, imortalizado em suas obras.Saudades de ler Amor nos tempos do cólera e suspirar pelo amor de Fermina e Florentino...